27 de dezembro de 2008

Bicicletas à praia!!


Charge do Jean na folha de hoje.

Você sabia que as únicas estradas no Brasil que DESCUMPREM A LEI IMPEDINDO A PASSAGEM DE CICLISTAS são a Imigrantes e a Anchieta, ambas concedidas à Ecovias (que de eco não tem absolutamente nada).

A polícia tem feito o jogo do patrão, mas nós vamos encher o saco de todas as maneiras possíveis para conseguir que se cumpra a lei.

Nós só queremos exercer o direito de ir e vir com nossos meios de transporte. Só queremos que se cumpra a lei. Só queremos ir à praia com tranqüilidade e segurança.

Saiba mais aqui, aqui e aqui.

17 de dezembro de 2008

Vida e morte no automóvel


Encontrei essa tirinha do Singer no blog Araraquara bikes.

O Singer, junto com a Mona, são os dois artistas mais "famosos" da massa crítica. Ela faz mais murais e produz imagens linda demais. Ele tem esse traço todo próprio e muitas, mas muitas mesmo, boas idéias para criticar o mundo do automóvel. Acho que em pelo menos uns 20% dos cartazes e panfletos das bicicletadas de São Paulo nós incluimos desenhos dele. E as ilustrações da biblia Apocalipse motorizado (o livro, não o blog) são dele.

Esse Araraquara bikes foi uma grata surpresa. O Fábio encontrou o Na medida sabe lá Deus como e fui lá conferir quem era o cara. Só pelas curiosas bikes que ele apresenta já vale a pena fazer uma visita. Ainda tem muita informação de todo tipo sobre bicicletas, desde manutenção até a situação das bicicletas mundo afora.

Mais uma do Singer pra fechar:


14 de dezembro de 2008

2 de dezembro de 2008

Não existe acidente de trânsito quando se está rápido demais

Por favor, assista este vídeo do governo de Queensland, Austrália. Educação no trânsito. Imagens reais, chocantes e uma idéia muito simples: o estrago que você faz em alta velocidade não é um acidente. Se alguém morreu num acidente que você causou, sim, me desculpe, mas você é o assassino.

Existe um projeto que, se não me engano, já está no senado para tranformar de culposo para doloso os crimes cometido em decorrência de imprudências no trânsito.

Nada mais justo, na minha opinião.

Dica do blog se locomovendo na selva de pedras.

28 de novembro de 2008

Subindo

A amiga cantora Débora gostou de contribuir com desafios. Depois do retumbante sucesso do primeiro, fez questão de enviar mais esse:


Uma escada tem 1000 degraus. Você pode subi-la de um em um degrau, de dois em dois ou alternando esses dois modos da maneira que quiser. De quantas maneiras diferentes você pode subir a escada?


Mil degraus. Poderiam ser só oito, ou cinco, tanto faz. Descartes usava essa tática de criar números grandes para impedir o cálculo direto, obrigando as pessoas a buscar a lógica do problema.

Aliás, esse problema tem a ver com o problema do bêbado de Pascal? E com o triângulo de Pascal?

Nunca dei tantas dicas na minha vida. Embora a maioria esteja errada. Respostas? Ah, te vira!!!! Me conheceu hoje????



PS: se você gosta de desafios, o blog idéias cretinas apresenta um paradoxo por sexta-feira. Vale a pena.

Apêndice: Pascal tem uma criativa, famosa e falha argumentação para justificar a crença em deus. Não concordo com este link da wikipedia, mas ele serve para apresentar a questão.

26 de novembro de 2008

Bicicleta da união



O carro degrada e segrega, já a bicicletada recupera e congrega. Por isso a Bicicletada Paulistana de Novembro visa celebrar a União. A união entre seres humanos, entre os povos. Diminuindo a distância entre as pessoas e a cidade, uma distância essa que só tem aumentado devido ao uso abusivo dos carros.

O local? O mesmo de sempre, Praça (já regulamentada mas ainda não sinalizada) do Ciclista, que fica no canteiro central da Avenida Paulista, entre as ruas da Consolação e Bela Cintra.

O horário? O mesmo de sempre, concentração a partir das 18:00 e saída as 20:00.

O trajeto? Como sempre decidido na hora, mas dessa vez, tudo leva a crer que o caminho escolhido é o que leva as pessoas ao altar.

Apareça e confira, em caso de chuva a Bicicletada esta automaticamente CONFIRMADA, pois casório com chuva dá mais sorte ainda.

24 de novembro de 2008

"Qualquer coisa boa demais para ser verdade é boa demais para ser verdade"




Diálogo com uma pessoa muito querida:


TAL: e o que é matéria escura?

EU: é uma coisa que os físicos e astrofísicos tão torcendo pra que realmente exista no universo, senão eles estão fodidos.

TAL: ah bom! agora eu entendi.

EU: hehehehehe. Pelos cálculos dos caras existe muito mais matéria no universo do que eles conseguem detectar. Muuuuuito mais matéria. Tipo, a matéria que conhecemos é algo em torno de 10% do que deveria existir. Então temos duas possibilidades: ou existe uma matéria ainda não detectada e toda a teoria físico-matemática está certa, ou o que tem de matéria é isso ai mesmo e fodeo, não sabemos nada.

TAL: rs ... isso é tipo the dark side of the matter?

EU: é!!!!!!

TAL: se o que tiver é isso aí.. então a teoria física matemática está toda errada e nós somos um bando de loucos!? e o mundo vai acabar?

EU: não, o mundo ainda não vai acabar.

TAL: droga saco.


Esse diálogo foi motivado pela matéria do editor de ciências da folha neste domingo. (Já falei que sou fã deste cara?). Infelizmente o link só pode ser acessado por assinantes.

23 de novembro de 2008

Vá a pé, mas com cuidado!

É com orgulho que recebo e publico o texto abaixo. Foi escrito espontânea e especialmente para este blog por meu brimo Marcel, que julga não ter perna suficiente pra pedalar, mas que costuma andar bastante e ter um olhar bastante atento e bem humorado sobre tudo. Valeu Marça, sucesso!

Entrar no trabalho às cinco da manhã tem lá suas vantagens. Às duas e meia da tarde já estava com a mochila nas costas, pronto para o tão esperado regresso. Não estava sol, mas nem precisava. O fim do expediente me motiva de maneira extraordinária.

Com toda essa alegria decidi: “De noite, em vez de ônibus, vou a pé até o metrô para ver o show de punk rock no Hangar”. Um horinha de caminhada ia me fazer bem, nada melhor para uma sessão de introspecção. Além disso, fugiria do estresse do busão e do trânsito da sexta-feira.

Para fazer o warm up pro show, liguei meu MP3 Player (desculpe, sem dinheiro para um Ipod) no talo. Muito ska-core com Less Than Jake e Reel Bigh Fish. Porém, enorme foi a surpresa de que seria mais relaxante ir ao metrô com o Palio 98 do meu irmão.

Em 53 minutos quase fui atropelado quatro vezes. Primeiro um carro passou pelo vermelho, assim, sem pudor. O outro quase fez a mesma coisa, mas faltou coragem. Parou na faixa de pedestres. Quando percebeu que estava atrapalhando a passagem, decidiu dar a ré, mas não me viu passando por trás de seu Audi A3. Quase o árabe aqui virou tabule amassado.

Com as motos a coisa é mais repentina. Uma delas simplesmente pegou a contramão, percebendo que o fiscal da CET preferia conversar com a moça bonita, atendente do bar. O outro motoboy quase me mandou para o hospital por um motivo mais nobre. Subiu na calçada para entregar duas pizzas. Justo não?

Dizem que nos EUA, Canadá e na Europa é só colocar o pé na rua que os carros param. É lindo, mas utópico por aqui. Não precisamos de tudo isso. Bastava que carros (qualquer veículo, sejam carros, motos, caminhões) e pedestres sigam certas regrinhas básicas:

-Carros: Andem nas ruas, respeitem as sinalizações, as faixas e o semáforo. Sinal amarelo significa REDUZA e não AUMENTE, e sinal vermelho significa PARE e não PISA FUNDO QUE AINDA DÁ TEMPO!

-Pedestres: Andem nas calçadas, atravessem na faixa e também prestem atenção no semáforo. Nada de correr no vermelho e depois culpar os carros.

Tão difícil assim? Ontem me pareceu.

21 de novembro de 2008

Mandamentos da baixa velocidade

Três dias depois que escrevi sobre o slow ride o Pedaleiro mandou pra lista da bicicletada essa tradução dos mandamentos da baixa velocidade. Não sei se foi ele que traduziu. De qualquer forma, é útil. A ilustração é linda.

O último mandamento é uma tentação contra a qual lutei por muito tempo, mas agora me rendi convictamente. As luvas e o capacete já me salvaram e roupas horrorosas de lycra e dry fit são a melhor coisa que há para controlar bem a temperatura. E pedalar bem climatizado é fundamental para o conforto e a saúde.

Mas ainda serei chique que nem o Akira.




Movimento das Bicicletas Lentas - Estilo acima da Velocidade.

1. Escolho ser um ciclista lento e irei pedalar em um ritmo agradável. Pedalarei de uma maneira tranqüila e casual, aproveitando a viagem e o ambiente pelo qual estou passando.

2. Estou ciente de que a minha simples presença na paisagem urbana irá inspirar outros.

3. Irei pedalar nos meus deslocamentos diários, incluindo ir ao trabalho, as compras e restaurantes.

4. Irei me vestir com roupas adequadas ao meu local de destino. Posso ir até mais bem vestido por estar de bicicleta.

5. Irei personalizar minha bicicleta de acordo com os padrões da cultura ciclística e minhas necessidades pessoais. Alguns ítens podem ser, protetor de corrente, descanso, paralamas, buzina, uma cestinha ou bagageiro.

6. Irei respeitar as leis de trânsito.

7. Irei pedalar com graça, dignidade e boas maneiras. Darei preferência aos pedestres nas ciclovias e cruzamentos com um sorriso no rosto e irei também agradecer aos motoristas quando eles derem preferência a mim.

8. Eu sei que pedalar é uma excelente oportunidade para praticar pequenas civilidades, socializar com a amigos e espalhar felicidade aleatoriamente para desconhecidos. Sendo assim irei comprimentar pessoas aleatoriamente na rua.

9. Irei resistir a usar “vestimentas de ciclista” - sendo a única exceção um capacete, caso, no exercício da minha liberdade de escolha, eu queira usar um.

18 de novembro de 2008

Sustentabilidade?????

A demografia, ou seja, o estudo das populações naturais, é um dos temas centrais da ciência fascinante, mas tão mal compreendida, que é a ecologia. A ecologia é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com seu ambiente. Tem sido confundida com uma de suas aplicações, ou seja, os problemas ambientais. Mas há hoje uma forte ecologia acadêmica no Brasil, uma das melhores do Mundo, com muitos excelentes profissionais. Por que raramente se chama algum deles para avaliar a verdadeira sustentabilidade de alguma coisa, antes de se sair dizendo por aí que é sustentável? De um ponto de vista otimista, talvez seja por desconhecimento de que há por aí gente capacitada a avaliar essas coisas. De um ponto de vista mais pessimista, também pode ser porque quem diz, no fundo, muitas vezes não está interessado na resposta.

Mais um texto do Fernando Fernandez no O Eco.

Oriente

O texto que indiquei do blog idéias cretinas mexeu com os brios do meu amigo Zé. Apesar de não concordar que os caras ofenderam os árabes e nem concordar com tudo que o Zé escreveu, publico aqui a resposta dele.

Para os interessados na questão, além dos links presentes no texto, recomendo duas obras de referência: Palestina uma nação ocupada, de Joe Sacco e Persépolis, de Marjane Satrapi.




O que o autor do comentário faz tem sido repetido há muito tempo, desde a época de Alexandre Magno quando quem fazia as regras eram os helenos, e todo o resto do mundo que não falasse heleno (grego) era colocado no mesmo saco de gato com a etiqueta de bárbaros; politica habilmente assimilada pelos romanos, e é nesses dois povos que se inspiram grande parte de nossas idéias e ideais.

Um grande autor sobre o tema e que me introduziu este assunto foi Edward Said, critico político, teórico literário, intelectual, foi professor de inglês e literatura comparada na Universidade da Columbia Britânica e uma figura importante na elaboração da teoria pós-colonial. Seu livro mais importante, de onde tiro subsídios para minha crítica, chama-se Orientalismo. Essa longa porém necessária caracterização do autor achei bastante relevante, porque ele era uma pessoa extremamente educada e culta, com uma lucidez de raciocínio incrível e defendia as questões do oriente sem paixão fervorosa e irracional que nos é dada incessantemente de exemplo pelos veículos de informação e seus condutores quando a questão procede de além-Leste dos Montes Urais ou a Sul do Mediterrâneo.

A questão central do livro é a criação do "oriente" pelos "ocidentais". O oriente sempre foi tratado como uma região mística onde vivem povos menos avançados com costumes estranhos. Nossa visão do oriente é completamente distorcida e baseada em informações criadas por ocidentais, indiciada com 'Lawrence da Arabia', 'Salambô' de Flaubert e 'Divã Oriental' de Goethe. E o mais absurdo desta orientalização do oriente é que informação nova passou a ser criada com base não mais no oriente, e sim na informação já produzida sobre o tema por ocidentais.

Não vou me demorar em detalhes, pois posso ser equivocadamente confundido com um apaixonado pelo tema, quando na verdade apenas defendo minha discordância da postura do autor do texto do blog. Como no texto, os orientais são muitas vezes tratados como um coletivo. Sempre se refere a eles no plural: 'os fundamentalistas', 'os muçulmanos', 'os chineses', 'a minoria curda'. Contextualizando o tema, é tão errado como dizer 'os paulistanos', 'os corinthianos', 'os caipiras', atribuindo característica ao grupo como um todo, e sabemos muito bem que essa atribuição de característica é no melhor dos casos feita com pena inferiorizante, podendo chegar a discriminação preconceituosa.

Meu segundo ponto de desacordo é com o uso do termo 'fundamentalismo'. O principio do fundamentalismo é o retorno as tendências e conceitos originais, ou seja, remover todas as distorções e modificações sofridas ao longo do desenvolvimento e da história. Ouvir música em vitrola é fundamentalismo. Ter um visual retrô é fundamentalismo. Fazer seu próprio iogurte em casa é fundamentalismo. Cozinhar em fogão à lenha, ou mesmo fazer churrasco com carvão é fundamentalismo. Andar em bicicleta sem marcha ou de roda-fixa é fundamentalismo.

Todas religiões tem como mensagem central o amor ao próximo. O que aconteceu com os 'fundamentalistas islâmicos' pode ter acontecido de duas formas. Ou pessoas sem tolerância religiosa e extremistas se intitularam equivocadamente fundamentalistas, ou o equivoco veio de algum repórter que usou mal o termo para descrevê-los e esse 'neologismo' percolou toda(s) a(s) sociedade(s). Pessoalmente, acredito mais na segunda opção, visto que um 'atentado' suicida a um alvo militar americano no Iraque é hoje chamado de terrorismo, e há 50 anos um piloto japonês que usava o avião como míssil contra um navio era um kamikaze patriota.

Finalmente chego ao terceiro ponto, que é de caráter lógico. O autor comete uma falácia indutiva comparando atitudes de Richard Dawkins e fundamentalistas religiosos. Richard Dawkins, por menos que o conheçamos (como é meu caso), é uma pessoa com identidade e idéias acessíveis. É muito fácil escrever seu nome no google e obter alguma informação sobre ele, veiculada por ele. Já os fundamentalistas religiosos são extremamente alheios ao nosso universo cultural e cotidiano, eu duvido muito que alguém, que ler meu texto ou que leu o texto que critico tenha conhecido pessoalmente algum e escutado ou lido suas idéias sem intermediários. Não obstante, a falácia indutiva do autor expõe o suposto comportamento reativo de fundamentalistas religiosos ao serem questionados sobre suas idéias e usa essa suposição como verdade em que baseei a linha de raciocínio.

Um exemplo dessa linha falaciosa de raciocínio seria este: Os morcegos que são negros e são animais noturnos; as corujas, que também são negras, são animais noturnos; logo, as raposas não são animais noturnos, pois tem coloração amarronzada. Talvez você nunca tenha visto um morcego e uma coruja, ou todos os morcegos e todas as corujas, mas meu raciocínio te induz a concordar comigo que são animais negros e isso é pressuposto para a continuidade da linha de raciocínio.

Acho o tipo de trabalho de Richard Dawkins muito importante, como foi também o de Carl Sagan e Edward Said, entre outros, desmistificando idéias tidas ou impostas como verdades absolutas, e fazendo-o de forma clara e com embasamento. A idéia do autor foi sem dúvida defender Dawkins, mas acredito que ele o fez por caminho espinhoso e pedregoso, utilizando de um ataque infundado para sua argumentação. A segregação precisa dar lugar a diversidade. O mundo precisa de mais amor, compreensão, tolerância e compaixão.

16 de novembro de 2008

Primeiro desafio: abertos ou fechados?

Ok, com a ajuda da amiga cantora Débora, eis que surge o primeiro desafio matemático. Até que enfim!

Óbvio que não vou dar a resposta. Quem me conhece sabe que eu NUNCA, JAMAIS, NEM SOB TORTURA cometo essa maldade. Jamais estragaria a tua graça de tentar e tentar e tentar até conseguir. Dicas (poucas), dúvidas (muitas) e sugestões (sempre bem vindas) através dos comentários.


Saber as respostas não é importante. As perguntas nunca são as mesmas


Voilá:

Mil armários estão enfileirados e numerados (1, 2, 3, 4, ...), mil alunos também numerados de 1 a 1000, começam a seguinte brincadeira: o 1º aluno passa por todos os armários (que inicialmente estavam fechados) e abre suas portas; o 2º aluno passa por todos os armários e inverte as posições das portas 2, 4, 6, 8, ...; o 3º aluno passa por todos os armários e inverte as posições das portas 3, 6, 9, 12, ... E assim sucessivamente, isto é, cada aluno que passa inverte as posições dos armários que têm números múltiplos do seu próprio número. Após os mil alunos passarem, quantos armários permanecem abertos?

14 de novembro de 2008

Pro dia do casamento


Pro Tokinho casar em paz. E vamos fazer essa bicicletada do sim!!!

Imagem de não sei quem enviada pela Carol Krueger.

10 de novembro de 2008

Viva a veemência

Faz mais de ano que tento, sem sucesso, manter um blog que trate principalmente de matemática e de questões relacionadas à ciência e ao ensino. Só que essa porra só foi engrenar agora, quando resolvi dar liberdade a minha outra paixão: bicicletas!

(Engraçado constatar que nesta forma de contato com o mundo o corpo fluiu melhor que a mente)

Tudo bem, vá lá.

Eis que neste final de semana meus dois mentores bloguísticos publicaram coisas que me chamaram de volta às origens. Primeiro o Marcelo Leite escreveu sobre George Monbiot na coluna dele na folha (ainda não tá no blog porque o cara tá viajando). Hoje o Idéias Antigas fez o precioso serviço de me apresentar o Idéias Cretinas.

É o blog que eu queria escrever. Sem mais rasgação para o momento, me permito apenas copiar e colar alguns trechos onde se defende a postura do Richard Dawkins, que está se aposentando.

"Digamos que você discorde de um muçulmano fundamentalista. Ele vai se achar no direito de matar você, perseguir sua família, depredar sua propriedade.

Digamos que você discorde de um cristão fundamentalista. Ele também vai se achar no direito de matar você, perseguir sua família, etc, ou, se vocês viverem numa democracia ocidental com polícia por perto (como os EUA, digamos) talvez se limite a sentir uma profunda satisfação por saber que você vai arder no inferno e seus filhos e netos serão amaldiçoados.

Digamos que você discorde de Richard Dawkins. Ele vai se achar no direito de escrever um artigo (ou livro) tirando sarro da sua cara.

Sou só eu que noto a diferença?"


E quando alguém falar que sou radical ou arrogante vou responder com todo o orgulho: nada disso, sou apenas veemente.


"Finalizando, veemência não é dogmatismo (ou fundamentalismo). Um homem veemente pode estar convicto de que tem os melhores argumentos sobre uma questão e apresentá-los de modo contundente, e ainda assim ter a honestidade intelectual de mudar de idéia, quando a evidência tornar isso necessário.

Já um homem dogmático (ou fundamentalista) simplesmente ignora a evidência em contrário, transforma-a em “heresia” ou, se tiver uma veia poética, disfarça-a como “mistério”.

De novo: sou só eu que noto a diferença?"



8 de novembro de 2008

Vasco da Gama tua fama assim se fez


Pedaço do texto do José Geraldo Couto na folha de hoje. Aprendi a odiar loucamente o Vasco da Gama, culpa do Eurico Miranda. Hoje torço loucamente para que ele não caia pra segunda divisão.



Surgido na época em que imperavam o elitismo e o preconceito, o Vasco da Gama foi decisivo no processo de popularização do futebol, abrindo suas fileiras para os jogadores negros e mestiços, acelerando a profissionalização do esporte.
Um dos recursos baixos que os clubes de elite cariocas lançaram mão para tentar excluir o Vasco de sua liga e de seus torneios foi estabelecer a exigência de um grande estádio próprio para os clubes participantes.
Com grande esforço e tenacidade, a colônia portuguesa no Rio de Janeiro fez uma "vaquinha", mobilizou gente de todas as classes, sobretudo das mais populares, e construiu em menos de um ano o estádio de São Januário, que foi inaugurado em 1927. Até a construção do Pacaembu, em 1940, foi o maior do país.
O Vasco tem em sua história personagens trágicos como Barbosa, dramáticos como Edmundo, picarescos como Romário. É um patrimônio esportivo, cultural e afetivo do povo carioca e brasileiro, cantado em prosa e verso por Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Luiz Melodia. Por isso, amigos, "vamos todos cantar de coração: a cruz de Malta é o meu pendão".


O Dinamite é uma das minhas primeiras referências de seleção brasileira. Um jogador com esse nome certamente foi pensado para o público infantil.

6 de novembro de 2008

Teatro de rua


Já que reclamamos a rua, que tal curtir uma boa peça em plena praça da República?

3 de novembro de 2008

Triste otimismo ou incrível insanidade coletiva?

Conversa recente no msn. Sábias sabidurias do José.


Eu - Hoje não foi um dia bom, não fiz nada de útil.
Zé - Mas pelo menos não foi atropelado. Todo dia que não somos atropelados é um dia bom. E ótimos são os dias que quase somos atropelados.
Eu - Ótimos??? Como assim, por que esses dias são ótimos?
Zé - Porque você só sente realmente que não foi atropelado quando você é quase atropelado.


Zé - Hoje pedalei com ela [1812 Overture de Tchaikovsky], e com Beethoven, o barbeiro de Sevilha, Chopin... foi sensacional.
Eu - Hehehe... preciso fazer mais isso.
Zé - Hum, mas acho que no trânsito de SP precisamos dos 4 sentidos funcionando bem.
Eu - Qual você dispensou?
Zé - O tato. Esse vc só usa quando da merda...


Jênio!!!!!


Caracú com ovo. Primeiro Dia Internacional Chico Bacon.

Conferência de bicicletas

Não estava sabendo e não me empolguei quando soube, mas vai haver uma grande mega super conferência internacional de mobilidade por bicicleta em Brasília, entre os dias 12 e 15 próximos.

Parece que meus amigos Ciclo BR e Apocalipse Motorizado estarão presentes. (Será que eles vão pedalando até lá?)

O curioso e indignante é que não há nenhum apoio de fabricantes de bicicleta ao evento. NADA!!! Como isso pode não interessar a eles? Será que são tão míopes ou será que mais gente andando de bicicleta não significa mais gente comprando bicicletas?

30 de outubro de 2008

Quer ir pra Ubatuba pedalando?



Pergunte-me como e quando?



Só não me pergunte o por que?

29 de outubro de 2008

Sexta é dia!!!!!!!!

As Bicicletadas do mês de outubro são sempre muito animadas. Na América do Norte, o Dia das Bruxas faz a Massa Crítica virar um verdadeiro carnaval, com milhares de participantes em várias cidades.

Em São Paulo, terra de modernistas e antropofágicos, a Bicicletada de Outubro mistura mitos e lendas brasileiros com monstros e personagens de outras terras.

Pererê, Trique, Saçurá, Mula Sem Cabeça, MBoitatá, Homem do Saco, Curupira, Iara, Lobisomem, Bicho Papão e Cuca compartilham o espaço com bruxas, caveiras, fantasmas e vampiros.

Participe da festa: venha fantasiado, traga seu veículo não-motorizado, seus panfletos e alegorias.

As atividades lúdico-educativas começam às 18h, na Praça do Saciclista (av. Paulista X Consolação). Às 20h, um pedal-festivo para aliviar o terror do trânsito.


28 de outubro de 2008

Um dos (vários) bons motivos para deixar o carro em casa

E eis que a lenda escreveu novamente.

A lenda é o dono do blog de bicicletas que mais gosto, aprendi pra caramba com ele, mas o cara fica com frescura, diz que tá sempre ocupado e raramente escreve. Hoje quando o dia amanheceu nublado bem que desconfiei.

A demora se justifica pela qualidade das informações. O cara realmente pesquisa sobre o que quer escrever e isso demanda tempo. Ele não é que nem eu que fico requentando conteúdo dos outros.


Um tira gosto:

"Um amigo meu estava me contando hoje que sua filha de 6 anos já pegou pneumonia duas vezes. Segundo ele, o médico disse que a pneumonia era uma doença pouco comum, mas que tem ocorrido cada vez mais, junto com outras doenças respiratórias, por causa da poluição da cidade."

Para ler mais siga por aqui.

27 de outubro de 2008

Pra que pressa?


Menos velocidade, mais estilo. Menos esporte, mais transporte. Menos destino, mais jornada. Menos conflito, mais prazer.

Palavras de ordem que representam um pouco do que sentimos de bicicleta pelas cidades. Mas não são nossas, são de um movimento chamado Slow bicycle, que também não tá muito afim de continuar nessa correria alienada. Slow bicycle, slow food, slow cities… devagar com o andor. Tá com pressa, vá de bike.

“Ir devagar não é fazer as coisas rápido como um caracol, é trabalhar, se divertir e viver melhor fazendo as coisas na velocidade certa”.

Eles fizeram votações para escolher um manifesto e um slogan. Fiquei com vontade de fazer isso pra roda fixa também. Algumas idéias: “menos frescura, mais pedal!” “Enquanto você se estressa eu vou voando”. “Quanto menos você gastar e quanto mais meter a mão na massa, mais legal vai ser sua bike”.

Um vídeo legal com o espírito da coisa. Muita gente procurando novos caminhos, somos só mais um punhado de gentes nesse balaio de gatos.


24 de outubro de 2008

Sexo e preconceito

Pelo menos uma pitada de Contardo, para não passar em branco. Afinal, dona Marta, você realmente sabe quem é o Kassab?

"Salvo ilegalidade, em matéria de sexo, minha regra geral é que só o interessado tem o direito de falar. A voz de um terceiro sempre ressoa como uma denúncia que faz apelo ao preconceito - ou seja, certamente não ao que tem de melhor em nós."




Sinto saudades do libertário Roberto Freire.

19 de outubro de 2008

Vocação o caralho, eu ralei muito pra isso

Semana passada tivemos mais um dia do professor. Grande merda. Talvez a pior profissão que alguém possa escolher nessa vida seja ser professor.

"Além de dar aulas você também trabalha?"

Poucas profissões mexem tanto com o ego do sujeito, exigem tanto física, emocional e mentalmente. Tá certo que poucas profissões são valorizadas a contento, mas o caso dos professores é uma afronta. Você que está lendo isso passou pelas mãos de quantos profissionais do ensino para chegar até aqui? Quantos deles mudaram os rumos da sua vida? Mas quantos deles têm um padrão de vida melhor do que o de um bancário, comerciante, pedreiro ou político? Investir na educação é sempre a solução para todos os problemas do universo, mas...

Esse grande valor social se reflete na auto estima dos profissionais. Na melhor das hipóteses o professor é visto como um abnegado, como alguém inteligente e de bom caráter, mas em geral é visto como vagabundo ou alguém sem ambição que não foi corajoso o suficiente para alçar vôos mais altos. A esquizofrenia se completa na postura de auto defesa que grande parte dos professores adota ao se colocar como baluarte da verdade. Curiosíssima (inspirou este post) a etimologia da palavra pedagogo que o meandros encontrou:

É aquele que conduz a criança. O aprendiz, na grécia antiga, aprendia mais na ida e na volta com o escravo que o levava do que com o seu mestre propriamente dito que falava incompreensíveis sentenças de cima de seu pedestal. Ou seja, quem realmente ensina é aquele que não se coloca acima, mas está ao lado do aprendiz.


O pedagogo era o escravo.

O pedagogo é o escravo.

A roda fixa e a andorinha

Numa descarada rasgação de seda e citação cruzada, recomendo a leitura do post A roda fixa e a andorinha, do meandros. Já tentei explicar o porque de dar um passo atrás na evolução e trocar uma confortável bicicleta com câmbio e roda livre por uma roda fixa, mas a imagem que ele criou foi mais feliz. Tem coisas nessa vida que não se explica.

Essa é a andorinha.

18 de outubro de 2008

Barcelona na medida do humano

Notícia enviada pelo apocalipse para a lista da bicicletada informa que o prefeito de Barcelona anunciou que vai expandir para 300km as zonas 30.

Zonas 30 é como se chamam as regiões onde o limite de velocidade dos veículos é de suficientes 30km/h.

Suficientes sim. Apesar de os motormóveis saírem de fábrica com velocímetros que marcam muito mais do que qualquer limite de velocidade permitido no país, as médias em cidades grandes não passam de 20km/h (quando muito). E somando o momento de inércia de uma tonelada de aglomerado de metais a uma cultura violenta e egoísta e a limitações humanas de reflexos e atenção, mais velocidade significa menos vida.

"Filhinho, não vá brincar na rua porque é perigoso". "Meu, eu nunca vou andar de bicicleta em São Paulo porque algum carro vai me matar". "Puta que pariu, fiquei mais de uma hora preso no trânsito". "Cê viu aquele cara que morreu numa ambulância que ficou pressa no engarrafamento?". "Meu filho tem um problema crônico no pulmão".

Pra que que a gente tem carro mesmo?



Enquanto isso, Bohmte, uma cidadezinha no norte na Alemanha simplesmente baniu toda a sinalização viária. Pra que leis se as pessoas tem bom senso e o usam?

17 de outubro de 2008

Você sabe "mesmo" quem é a Marta?

Adoro as colunas do Contardo. Essa é a de ontem.

Marta com McCain


McCain e Marta, para desacreditar o candidato oposto, contam com nossos preconceitos

AS CAMPANHAS ELEITORAIS são facilmente sórdidas.
Claro, os candidatos mentem inchando seus feitos, omitindo suas inércias, atribuindo-se realizações que são de outros ou dos predecessores. Mas isso dá para agüentar, é quase normal.
Muito mais humilhante (para a gente) é quando as campanhas fazem apelo ao que há de pior em nós, ou seja, quando, na tentativa de desacreditar o candidato adversário, elas apostam em nossos preconceitos. Nesse caso, as campanhas supõem (com razão) que estejamos sempre prontos a transformar tal candidato em cabide de sentimentos e desejos que são nossos, mas dos quais nos envergonhamos.
Funciona assim. Digamos que eu sou ávido e venal e não gosto disso; prefiro me imaginar desinteressado e generoso. Como tirar vantagem dessa minha contradição?
O jeito ideal de me manipular não é denunciar um candidato porque ele se mostrou, em tal ocasião, interesseiro e cobiçoso. O método direto é o menos eficiente: ele permite, afinal, que a gente se interesse pelos fatos, verifique, concorde ou discorde.
A melhor maneira de manipular passa por dois tempos: 1) evocar um fato do qual são silenciadas a causa e as circunstâncias, 2) levantar uma pergunta quanto mais genérica possível, de modo que o ouvinte projete suas próprias tendências envergonhadas no candidato atacado e ele, o ouvinte, seja, assim, o único responsável pela calúnia.
Um exemplo? 1) Os judeus são quase todos comerciantes, 2) pergunta genérica: o que eles "realmente" querem da gente? A propaganda anti-semita nazista acrescentava, para quem fosse burro mesmo, desenhos de garras aduncas surgindo da sarjeta, mas não era necessário. Detalhe silenciado: os judeus eram comerciantes porque, por exemplo, não lhes era permitido comprar terra ou exercer profissão liberal que atendesse à população em geral.
Na fase dois da manipulação (a pergunta), é crucial que algo nos sugira que houve a intenção de esconder uma falha, que deve ser revelada. Em "O que eles "realmente" querem da gente?", o advérbio instala em nós a suspeita de que estávamos sendo enganados. Agora, o véu será levantado. O problema é que, como nada foi dito explicitamente, será levantado não por uma denúncia, mas pela atribuição ao acusado de qualquer uma das tendências que mais receamos em nós mesmos.
Esse método básico de manipulação aparece de maneira idêntica na última fase da campanha presidencial dos EUA e no início do segundo turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo.
A campanha de John McCain 1) encarregou a candidata a vice de evocar fatos "sugestivos" sem explicitar as circunstâncias (por exemplo, Barack Obama encontrou o ex-ativista e terrorista William Ayers -de fato, Ayers era tudo isso nos anos 1960, mas hoje é professor de pedagogia na Universidade de Chicago e se ocupa de programas sociais educativos); 2) logo, perguntou: "Quem é o "verdadeiro" Obama?".
A campanha de Marta Suplicy apenas inverteu a ordem; criou um comercial que começa com "Você sabe "mesmo" quem é o Kassab?" e termina com a pergunta: "Sabe se ele é casado? Tem filhos?".
É óbvio que as prisões do país estão cheias de indivíduos casados e com filhos (o estado civil não é garantia de nada). A pergunta só serve para que o eleitor médio pense em Kassab como diferente dele: "Não é casado? Então, tem uma vida diferente da minha". Essa pensada dá força à interrogação inicial: "Você sabe "mesmo" quem é o Kassab?". Não, não sei, visto que ele é diferente de mim. O que ele está me escondendo?
A Folha de 13 de outubro relata o seguinte: a reportagem "perguntou a Marta se a propaganda não era contraditória com a sua biografia" (Marta Suplicy foi uma campeã do direito à privacidade). E Marta respondeu: "O que você está insinuando?". Mais uma manipulação: "Ninguém disse nada, o comercial só pergunta, é você que procura pêlo no ovo".
As perguntas das campanhas de Marta e de McCain talvez funcionem com eleitores desavisados: eles imaginarão que Kassab e Obama sejam os perigosos porta-vozes de tendências obscuras que eles (os ditos eleitores) receiam, antes de mais nada, dentro deles mesmos.
Mas, para a maioria, menos desavisada do que parece, essas perguntas assinalam que as campanhas de Marta e de McCain estão dispostas a uma boa dose de indignidade moral para se manterem em vida.

É muito comum mesmo

E não é que ontem encontrei mais amigos na rua.

Tava lá do outro lado da cidade, perto da imigrantes, esperando o ônibus quando vejo Ciça se aproximando, calmamente caminhando, iluminada, indo passear com seu amigo importado.

A rua é um lugar bacana. Muita gente não lembra disso. Tenho medo quando penso que já existe uma geração que não chegou a saber disso.

16 de outubro de 2008

Nós estamos vencendo, mas as vezes perdemos algumas batalhas




Meu amigo Gunnar foi atropelado. Tá vivo, mas se fodeo inteiro. Não pode trabalhar, namorar, sair de casa, etc. Ele é de Curitiba e Curitiba é foda pra pedalar. Lá tem menos trânsito e os motoristas são ainda mais retardados do que os de São Paulo, pisam fundo mesmo. Segunda-feira de manhã, indo trabalhar, ele foi abalroado pelo irresponsável que pelo menos teve a decência de não fugir. Não fugiu e se borrou inteiro quando viu a merda que tinha feito. Deve ser foda perceber que é bem fácil se tornar um assassino. Mas é importante que as pessoas percebam isso. É muito fácil destruir a vida de alguém quando se dirige uma arma de uma tonelada. O carro é uma ferramenta maravilhosa, mas pode ser uma arma, é inegável isso. É preciso ser consequente.

Foi pedalando a fixa do Gunnar que nasceu minha paixão pelas rodas fixas. Fiquei tão assustado que nem perguntei se ela sobreviveu. O importante é que ele está bem, vai carregar uns pedacinhos de ferro no corpo pro resto da vida, mas vai sobreviver. Inteiro!

Força amigo. Tudo passa. Amanhã você estará pedalando novamente.

14 de outubro de 2008

Conservação versus ambientalismo

“O argumento de que precisamos conservar espécies porque elas podem ser úteis é um argumento ao qual falta alma. É sensato, é verdadeiro, mas não tem espírito, não tem dimensão humana. É o argumento dos tecnocratas. Nós não conservamos concertos de Mozart, pinturas de Monet e catedrais medievais por que eles são úteis. Nós os conservamos porque eles são bonitos e enriquecem nossas vidas.”

Encontrei essa citação de John Lawton na coluna deste mês do Fernando Fernandez no O Eco.

Durante algum tempo da minha vida convivi muito proximamente com biólogos. Acompanhei de perto trabalhos em diversas áreas, principalmente na área de conservação, e aprendi muito. Eles adoram ter um matemático por perto, por mais inútil que ele seja.

Desde que me lembro por gente me sinto um ecologista. Quando minha avó me mandava apagar as luzes que estavam acesas a toa e verificar se tinha alguma torneira vazando ela estava me ensinando muito mais do que nós dois podíamos perceber. E o Greenpeace começou a fazer barulho bem quando eu ainda era criança. Achava o máximo aqueles malucos atirando o próprio navio encima dos baleeiros.

O Fernando Fernandez escreveu um livro chamado"poema imperfeito". Para quem quer saber mais sobre conservação, ecologia, evolução ou simplesmente aumentar o diâmetro da sua cabeça com essas coisas fora de moda, vale muito a pena. Muito mesmo.

Mona Caron e Jardinagem Libertária

Adoro este blog sobre jardinagem libertária. Muito inspirador. Pena que minha vagabundagem não me permite meter a mão na massa... digo, na terra, como queria. E passeando por ele encontrei este novo mural da Mona Caron. Genial o trabalho dela. Uma vez ela presenteou os paulistanos com um mural muito bacana na praça do ciclista, mas a prefeitura, buscando embelezar a cidade, passou tinta cinza por cima.



Fui procurar mais coisas sobre ela no apocalipse motorizado e achei essa imagem que também gosto muito e que diz tudo sobre a bicicletada.


10 de outubro de 2008

Porque eu gosto tanto de andar de bicicleta em São Paulo

Apesar de todos os perigos e durezas, são muitos os motivos. Esta semana foi farta deles.


1 - É incrível encontrar amigos no meio da rua. Aconteceu duas vezes esta semana. Terça-feira, indo trabalhar, encontrei o simpático e sério Gustavo na porta do Ibirapuera. Quarta-feira, voltando do trabalho, encontrei o Siqueira exatamente no meio da rua. No meio da rua mesmo. Eu tava atravessando a pé e vi ele chegando, me posicionei como um rebatedor de basebol, como se fosse dar uma guardachuvada nele. Normalmente são conversas rápidas, todo mundo tá sempre atrasado nesta cidade. Mas é gostoso, é bom encontrar um amigo no meio do caos, fico com a sensação de que ainda resta alguma humanidade nisso tudo.

A um tempo atrás eu vivia topando com o Pestana aqui nos arredores da USP. Ficávamos horas conversando. Fazíamos isso quando éramos pequenos e a bike era nosso passo mais largo. Muito curioso encontrar o mesmo amigo, no mesmo veículo, num bairro diferente. Ambos carecas e pançudos, mas ainda muito meninos.


2) Poder passar por dentro do Ibirapuera pra ir pro trabalho não tem preço.


3) Alguns amigos bicicleteiros se encontraram pelas ruas numa noite dessas e resolveram passear. Foram parar no Pátio do Colégio e bizarramente encontraram um piano lá. Isso, encontraram um piano no meio da rua. O registro desse momento lúdico está aqui.


Isso é a medida do humano. É por isso que eu não cogito não andar de bicicleta. É por isso que sei que outra vida é possível. Nós não estamos esperando que ela chegue, nós já estamos vivendo uma vida mais bonita. Sem custos adicionais, sem medos, sem solidão, sem estresse.

Você simplesmente nunca vai viver essas emoções dentro de um carro!!

Dias tristes

Vídeo que achei neste blog. Dica do Aylons. Alguém pegou essa música da Amélie Poulain e juntou com imagens de uma moça andando de bicicleta por um parque. A maior parte está em primeira pessoa. Simples, singelo, bonito. É daquela beleza triste que não gosto de chamar de tristeza.

8 de outubro de 2008

Utilidade pública: atlas do IBGE

O IBGE tem essa muito boa página. É um atlas. Muito bem feito e bem bonito. Poderia até ser mais completo e menos bonito, mas não dá pra reclamar, atende bem ao que se propõe. Já me foi útil em diversas situações. Dica antiga do meu amigo apocalipse motorizado.

A maior defesa da história do futebol

Procurando vídeos do Rodolfo Rodríguez para o último post me deparei com esse vídeo. Simplesmente inacreditáveis as defesas do goleiro do Lyon. Inacreditáveis.

Eu sempre adorei a Dinamarca

É sério. Desde que a seleção deles fez uma campanha emocionante e bizarra na copa de 86 sempre fui fissurado pela Dinamarca. (Eles deram uma goleada no Uruguai do meu ídolo Rodolfo Rodrigues, 6 a 1, depois apanharam loucamente da Espanha nas oitavas de final, 5 a 1). Sabia dados econômicos, nomes de cidades, história, formação geográfica, adorava os Vikings e queria ir pra lá passar frio pra caramba. Agora meu amigo ciclista, advogado e metrossexual me mandou esse video que um cara filmou de uma ciclovia de Copenhagen. Adoro conhecer outras cidades pelos olhos de outros ciclistas. Que maravilha ver prédios diferentes sendo iluminados por aquela luz torta do ártico. Que maravilha ver mais bicicletas do que carros nas ruas. Que maravilha ver que as ruas são bem preparadas pra receber esse fluxo de vida inteligente.

7 de outubro de 2008

Bem vinda dona Fênix

Adoro quando descubro que tem gente muito mais louca por bicicletas do que eu. O doido do Pastor Canna já deixou seu nome na história com a sua incrível Caloi 1. Agora me aparece o Cahuê, um verdadeiro artesão, reformador (ou seria ressuscitador) de bicicletas. Dê uma olhada no blog dele. O capricho chega a dar inveja. Só para deixar um gostinho, o antes e o depois de uma Ceci de 85.

2 de outubro de 2008

Uma idéia fixa

Pra ser bem sincero, nem sei direito porque quero uma roda fixa. Mas apaixonei de um jeito que tá ficando até chato. Não consigo falar de outra coisa, não consigo pensar em outra coisa, to pior do que criança quando tá chegando o natal. E não sou só eu não. Montamos um blog que já tem mais de dez colaboradores, dez posts e trinta e cinco comentários em apenas cinco dias de vida. Pra você ter uma idéia do que esta acontecendo comigo, assista este e este vídeo. Mas não me culpe se de repente você se pegar sonhando que está pedalando. E seus dentes são problemas seus.

30 de setembro de 2008

Vamos fazer a Soninha ganhar do Maluf




Deste blog que eu nem conheço, nem li e nem posso recomendar. Mas gostei da idéia.

CAMPANHA: VAMOS GANHAR DO MALUF!

Ok, a Soninha não vai ganhar a eleição. Os políticos nunca trabalham com essa hipótese. A arrogância da classe política faz com que eles jamais admitam isso, mesmo com 1, 2 ou 3%. Soninha tem, hoje, 5%. Maluf tem de 6 a 7%. Na margem de erro, estão empatadíssimos.

Minha meta - é minha, não dela nem de ninguém ligado à campanha - é que ela ganhe dele. Só dele. Pode ser uma perspectiva mesquinha, ou algo assim, e eu honestamente quero mais é que se dane.

Mas é uma grande satisfação pessoal! Trabalhei quatro anos num gabinete, e é gratificante demais saber que, agora, tenho a chance de ver a mulher com quem trabalhei ENTERRAR de vez esse cadáver político. Vamos sacanear o Maluf, vamos enterrá-lo, vamos fazer sua candidatura seja humilhada em uma derrota para a Soninha, que faz uma campanha quase sem grana!

Com a ajuda de uma amiga de quem gosto demais e cujo nome manterei em sigilo porque não quero enguiço pro lado dela, fiz o banner abaixo e também o baguláits pra colocar nos blogs e sites.

Mais abaixo, links da campanha da Soninha e, no dia 05/10, é só sentar o dedo no 23 e mandar o Maluf pro inferno. Vamos ganhar do Maluf! É bem mesquinho, mesmo. Não tem nada de edificante, nada de propositivo, nada de legal nem de bonitinho nisso. É péssimo, deplorável, feio, bobo e cara-de-melão.

Mas não tem preço!

Não há dinheiro nenhum que pague o sepultamento desse covarde que, no debate de ontem, usou e abusou dos piores expedientes e, ainda assim, levou uma elegante SURRA da Soninha.

VAMOS GANHAR DO MALUF, PORRA!



Obs: a Soninha sempre foi minha musa. Depois que a conheci nas bicicletadas, virou mais minha musa ainda. Uma simpatia de pessoa. Parece uma criança. Pena que é palmeirense.

Obs 2: o Laerte é meu ídolo, se ele apoiasse outro candidato eu matava ele.

25 de setembro de 2008

Ciúme do Contardo

Quinta feira é dia de ler a coluna do Contardo Calligaris na falha de são paulo. Essa é do dia 4 de setembro. Os grifos são meus.


Ciúme

A CADA semana, ouço a queixa de alguém que encontra, no celular de seu parceiro ou parceira, a "prova" de uma traição: o ciúme vinga com a tecnologia, mas entendê-lo continua difícil.
Para os darwinistas, a evolução favoreceu os ciumentos: sobrevive a linhagem dos que evitam sustentar rebentos ilegítimos, poupando assim seus recursos. Problema: o argumento evolucionista vale só para o ciúme masculino (mesmo no pleistoceno, os homens que pulavam a cerca não voltavam grávidos para casa), e, restaria explicar, o ciúme feminino. Várias pesquisas mostram que todos, homens e mulheres, são mais sensíveis à infidelidade emocional (que não engravida ninguém) do que à infidelidade sexual.
Os cognitivistas, em geral, entendem o ciúme como uma reação contra algo que ameaça a relação e fere o amor-próprio do "traído". Faz sentido, mas o ciúme (sobretudo patológico) nem sempre é reativo: às vezes, o ciumento inventa situações para alimentar seu ciúme.
Os terapeutas psicodinâmicos notam que o ciumento é mais preocupado consigo e com seus rivais do que com o objeto de seu amor. Eles reconhecem, grosso modo, dois tipos de ciúme, que ambos seriam restos neuróticos da infância:
1) Há o ciúme possessivo de quem não deixa a primeira infância, continua querendo ser um único corpo, junto com a mãe, e só enxerga ameaças - no pai, nos irmãos etc. Nesse estilo, uma tia minha passou a vida recluída pelo marido: não saía de casa, nenhum médico podia examiná-la. Por essa razão, eu não a conheci, mas minha avó dizia que o homem era louco e que ela era louca também, por aceitar.
2) Há o ciúme inseguro de quem nunca se sente "tranqüilamente" amável e está sempre revivendo as emoções da pré-puberdade, quando descobrimos que a mãe tem interesses diferentes da gente (experiência dolorosa, mas também prazerosa, pois, traindo-nos, ela nos liberta para desejarmos outras coisas).
Então? Pois é, acabo de ler uma pesquisa, de Visser e McDonald, no "British Journal of Social Psychology" (vol. 46, nº 2, junho 2007): "Swings and Roundabouts: Management of Jealousy in Heterosexual Swinging Couples" (suingue e carrosséis: administração do ciúme em casais heterossexuais que praticam o suingue).
Questão dos pesquisadores: há casais que praticam regularmente o suingue, a troca sexual de parceiros; como eles administram o ciúme?
Resultado previsível: os casais que praticam suingue transformam seu ciúme em excitação sexual. Essa transformação é mais fácil para o homem; na mulher, a visão do parceiro nos braços de outra produz facilmente insegurança. Seja como for, a transformação do ciúme em excitação sexual é possível à condição que seja garantida a confiança absoluta de ambos na coesão do casal. Garantida como?
1) A primazia do envolvimento afetivo sobre o sexual é permitida pela sinceridade. O parceiro é sempre o primeiro a saber: essa prioridade garante a superioridade do laço afetivo do casal sobre o laço sexual com outros. De fato, na infidelidade, o que mais causa aflição é que, por exemplo, o amante sabe do marido, e o marido não sabe do amante (diga para um amante que sua performance é comentada na mesa do casal, e ele, provavelmente, sumirá para sempre).
2) O próprio suingue, como fantasia constantemente elaborada pelos dois, consolida o laço do casal, torna-o muito mais importante do que os parceiros ocasionais de cada um.
Será que, dessas constatações, há como deduzir uma receita contra o ciúme ordinário?
Parece que sim: à condição de não precisar repetir os restos da infância mencionados antes, deve ser possível construir uma relação em que o ciúme seja tolerável. Para isso, segundo a pesquisa, é bom: 1) que as "infidelidades" (todas, não só as sexuais) sejam prenunciadas, ou seja, que elas existam primeiro na conversa do casal (O TAL DO ACORDO); 2) que os membros do casal compartilhem uma aventura, um sonho (voar de asa delta, aprender sânscrito ou praticar suingue, tanto faz).
Mais duas observações. A maior traição é a traição do próprio desejo da gente; portanto, pedir ao outro para não nos trair é menos importante do que lhe pedir para não trair a si mesmo. Até porque um parceiro ou uma parceira que traísse seu próprio desejo para ficar com a gente acabaria, a médio prazo, odiando-nos por ter-se traído.
Enfim, uma infidelidade não é razão para acabar com uma relação. No máximo, é razão para perguntar-se se a relação vale a pena.

23 de setembro de 2008

O Canna é meu pastor e nada me faltará

História que o Canna mandou pra lista da bicicletada e fez todo mundo chorar. Será que eu devia ter pedido a permissão dele pra publicar?



E pensando aqui, me lembro de uma passagem uns tempos atrás:

Estava na bicicletaria, trocando meus pneus 2.0 novinhos por dois 1.5 slicks, pois os largos não me agradavam. Pagava R$ 25 paus em cada pneu, mais as câmeras novas...sem pensar muito que estava gastando uns 70 reais ali, graças a Deus não me fazem falta.

Enquanto aguardo, um rapaz bem simples, com uniforme de empresa e uma bike toda fudida chega perguntando quanto era um pneu novo. A bike dele era uma mountain bike toda ferrada, com roda dianteira com aro diferente da traseira, os pneus estavam um caco, sem freio traseiro...

Puxei assunto e ele me disse que ia para o trabalho todo dia de bicicleta, fiz uns cálculos e ele pedalava uns 40km por dia. Disse que fazia supermercado, tudo ele ia de bike pois era mais rápido e fazia bem pra saúde.

Ao saber o preço do pneu mais barato, descartou a compra pois nitidamente não tinha a grana para comprá-lo.

A minha ficha caiu. Ofereci meus dois pneus com as respectivas câmeras. Ele achou meio estranho e perguntou quanto era. Disse que não era nada, eu ia entulhar isso em casa e pedi pro cara da bicicletaria arrumar uma roda 26 usada pra ele montar com os pneus que dei.

O cara abre a carteira, saca os únicos 10 reais que tinha e me oferece. Me senti um lixo. Falei pra ele que ficaria muito feliz em saber que ele iria usar os pneus e que dos amigos não se cobra nada.

Os olhos do cara encheram de lágrimas...

Eu vivo lamentando os números da empresa, que eu perdi ali, que eu ganhei ali...catzo, eu tenho um monte de bicicletas, todas do jeito que quero, poderia me sentir um cara realizado, e acho que pedalo muita coisa...

Eu sou na realidade um merda...quem pedala são estes guerreiros. Eles são os ciclistas urbanos, percorrem distâncias diárias gigantes com uns trambolhos daqueles, só com freio traseiro. Nem fazem idéia do que a bicicleta representa no trânsito ou os direitos que têm, eles só querem pedalar e chegar vivos em casa.

Tem situações que fazem a gente pensar: o que faz encontramos estas pessoas para deixarmos de reclamar um pouco e olhar pro cara que tá do seu lado?

Acho que se as bicicletas não forem para todos, não serão para ninguém.

É isso.

Canna

Manifesto dos invisíveis

Não poderia começar de outro jeito. Pelo orgulho de fazer parte disso. Se quiser fazer parte também, siga por aqui.

Motorista, o que você faria se dissessem que você só pode dirigir em algumas vias especiais, porque seu carro não possui airbags? E que, onde elas não existissem, você não poderia transitar?

Para nós, cidadãos que utilizam a bicicleta como meio de transporte, é esse o sentimento ao ouvir que “só será seguro pedalar em São Paulo quando houver ciclovias”, ou que “a bicicleta atrapalha o trânsito”. Precisamos pedalar agora. E já pedalamos! Nós e mais 300 mil pessoas, diariamente. Será que deveríamos esperar até 2020, ano em que Eduardo Jorge (secretário do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo) estima que teremos 1.000 quilômetros de ciclovias? Se a cidade tem mais de 17 mil quilômetros de vias, pelo menos 94% delas continuarão sem ciclovia. Como fazer quando precisarmos passar por alguma dessas vias? Carregar a bicicleta nas costas até a próxima ciclovia? Empurrá-la pela calçada?

Ciclovia é só uma das possibilidades de infra-estrutura existentes para o uso da bicicleta. Nosso sistema viário, assim como a cidade, foi pensado para os carros particulares e, quando não ignora, coloca em segundo plano os ônibus, pedestres e ciclistas. Não precisamos de ciclovias para pedalar, assim como carros e caminhões não precisam ser separados. O ciclista tem o direito legal de pedalar por praticamente todas as vias, e ainda tem a preferência garantida pelo Código de Trânsito Brasileiro sobre todos os veículos motorizados. A evolução do ciclismo como transporte é marca de cidadania na Europa e de funcionalidade na China. Já temos, mesmo na América do Sul, grandes exemplos de soluções criativas: Bogotá e Curitiba.

Não clamamos por ciclovias, clamamos por respeito. Às leis de trânsito, à vida. As ruas são públicas e devem ser compartilhadas entre todos os veículos, como manda a lei e reza o bom senso. Porém, muitas pessoas não se arriscam a pedalar por medo da atitude violenta de alguns motoristas. Estes motoristas felizmente são minoria, mas uma minoria que assusta e agride.

A recente iniciativa do Metrô de emprestar bicicletas e oferecer bicicletários é importante. Atende a uma carência que é relegada pelo poder público: a necessidade de espaço seguro para estacionar as bikes. Em vez de ciclovias, a instalação de bicicletários deveria vir acompanhada de uma campanha de educação no trânsito e um trabalho de sinalização de vias, para informar aos motoristas que ciclistas podem e devem circular nas ruas da nossa cidade. Nos cursos de habilitação não há sequer um parágrafo sobre proteger o ciclista, sobre o veículo maior sempre zelar pelo menor. Eventualmente cita-se a legislação a ser decorada, sem explicá-la adequadamente. E a sinalização, quando existe, proíbe a bicicleta; nunca comunica os motoristas sobre o compartilhamento da via, regulamenta seu uso ou indica caminhos alternativos para o ciclista. A ausência de sinalização deseduca os motoristas porque não legitima a presença da bicicleta nas vias públicas.

A insistência em afirmar que as ruas serão seguras para as bicicletas somente quando houver milhares de quilômetros de ciclovias parece a desculpa usada por muitos motoristas para não deixar o carro em casa. “Só mudarei meus hábitos quando tiver metrô na porta de casa”, enquanto continuam a congestionar e poluir o espaço público, esperando que outros resolvam seus problemas, em vez de tomar a iniciativa para construir uma solução.

Não podemos e não vamos esperar. Precisamos usar nossas bicicletas já, dentro da lei e com segurança. Vamos desde já contribuir para melhorar a qualidade de vida da nossa cidade. Vamos liberar espaços no trânsito e não poluir o ar. Vamos fazer bem para a saúde (de todos) e compartilhar, com os que ainda não experimentaram, o prazer de pedalar.

Preferimos crer que podemos fazer nossa cidade mais humana, do que acreditar que a solução dos nossos problemas é alimentar a segregação com ciclovias. Existem alternativas mais rápidas e soluções que serão benéficas a todos, se pudermos nos unir para construi-las juntos.

A rua é de todos. A cidade também.

Nós, que também somos o trânsito:


Alberto Pellegrini
Alexandre Afonso
Alexandre Catão
Alexandre Loschiavo (Sampabiketour)
Alex Gomes (U-Biker)
Alonzo "chascon" Zarzosa (Terrorista Latino)
Ana Paula Cross Neumann (Aninha)
André Mezabarba - BH
André Pasqualini (CicloBR)
Antonio Lacerda Miotto (Pedalante)
Aylons Hazzud
Ayrton Sena Santos do Nascimento
Beto Marcicano (Super Ação!)
Bruno Canesi Morino
Bruno Gola
Carolina Spillari
Célia Choairy de Moraes
Chantal Bispo (Eu vou voando)
Daniel Ingo Haase (FAHRRAD)
Daniel Albuquerque
Danilo May
Eduardo Lopes Merege
Eduardo Marques Grigoletto (CicloAtivando)
Evelyn Araripe
Fabiano Faga
Fabrício Zuccherato (pedal-driven)
Flávio "Xavero" Coelho
Felipe Aragonez (Falanstérios)
Felipe Martins Pereira Ribeiro
Fernando Guimarães Norte
Frank Barroso (Movimento Cidade Futura)
Gustavo Fonseca Meyer
Hélio Wicher Neto
Jeanne Freitas Gibson
João Guilherme Lacerda
José Alberto F. Monteiro
Juliana Mateus
Juliana Diehl
Jupercio Juliano de Almeida Garcia
Laércio Luiz Muniz (Onipresente Ausente)
Leandro Cascino Repolho
Leandro Kruszielski (meandros)
Leandro Valverdes
Leonardo Américo Cuevas Neira
Luciano César Marinho
Lucien Constantino
Luis Sorrilha (BIGSP)
Luiz Humberto Sanches Farias
Marcelo Império Grillo (MIG)
Márcia Regina de Andrade Prado
Márcio Campos
Mário Canna Pires
Matias Mignon Mickenhagen
Mathias Fingermann
Maurício Rodrigues de Souza
Otávio Remedio
Paula Cinquetti
Polly Rosa
Renata Falzoni (falzoni.com - nightbikers - espn/renatafalzoni )
Renato Panzoldo
Ricardo Shiota Yasuda
Ricardo Sobral (Bicicleta na Cidade)
Rodrigo Sampaio Primo
Ronaldo Toshio
Silvio Duarte Moris (Silvio's site)
Silvio Tambara (na medida do humano)
Vado Gonçalves (cicloativismo)
Vitor Leal Pinheiro (Quintal)
Willian Cruz (Vá de Bike!)