30 de novembro de 2009

Sem o direito de errar


Em alguma das listas de email que faço parte, alguém mandou dois vídeos totalmente fora do assunto. O primeiro quase me fez vomitar. O segundo me fez entender um pouco do que se trata e me deixou com uma vontadezinha bem pequena de fazer algo vagamente similar.

Tratam-se de dois vídeos com imagens e entrevistas do escalador americano Dan Osman.

Sempre admirei escalada, mas nunca tive coragem de chegar perto. O contato com a natureza, o desafio, a preparação física, o convívio com seus próprios limites, as paisagens e as viagens sempre me atrairam. Na verdade, nem sei por quê nunca experimentei.

Mas uma coisa que é difícil de entender, principalmente para quem nunca fez algo parecido, é por que alguém arrisca tanto a vida?

Existem equipamentos e procedimentos de segurança que diminuem muito o risco. Praticamente ele só existe se não se segue as normas. Mas sempre, em qualquer atividade que envolva risco e adrenalina, como o trapézio, a bicicleta ou os jogos de azar, parece que as pessoas se enfadam do controle e precisam sentir aquele medo de que alguma coisa ainda pode dar errado.

É o vício em adrenalina.

Como com qualquer outra droga, o indivíduo dependente precisa de doses mais altas para sentir prazer. E Dan Osman, que foi um dos escaladores mais técnicos e admirados de todos os tempos, morreu disso. A auto confiança ou a perda da capacidade de avaliar o levaram a cometer um erro imbecil, interrompendo uma carreira brilhante e deixando mulher e filha desamparadas.

Valeu a pena? Só perguntando pra ele.

3 comentários:

Igor Abreu disse...

Esporte e adrenalina é uma coisa. Irresponsabilidade é outra. Ele era um louco, que empurrava sua própria MEDIDA DO HUMANO cada vez mais pra frente em direção ao perigo.
A mulher que casou com ele já sabia que um dia ele poderia morrer. A filha não tem culpa, ficou sem pai, mas tem gente que perde os pais pra depressão, pro alcoolismo, pro cigarro ou até pra outra família, outro país. Enfim, elas vào sobreviver. E ele morreu fazendo o que adorava, essa era a vida dele, preferia viver 35 anos a mil por hora a viver mil anos a 35 por hora. Pra mim tá tudo certo!

Silvio Tambara disse...

De fato, o vício, seja ele qual for, não é pra qualquer um.

Tem gente que usa drogas numa boa. Tem gente que se ferra com elas. Esse foi um que se ferrou. Talvez ele não tivesse chegado a ser tão bom se não fosse tão louco. Talvez ele tenha morrido feliz. É bem melhor perder um pai para algo que ele acredita do que para algo que ele não consegue vencer.

Sempre digo que se um dia vier a morrer encima de uma bicicleta, vou feliz. Mas... no dia que fui atropelado, naquele enorme segundo até cair no chão, repeti umas mil vezes: não quero morrer! não quero morrer!!!!!

Sei lá. Copiando aquele cantor baiano mal carater: "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

goitaca disse...

Tá ferrado. Quando eu for de visitar, vamos escalar. E de bicicleta.